Habla Poética
“Deber de los poetas es cantar con sus pueblos y dar al hombre lo que es del hombre: sueño y amor, luz y noche, razón y desvarío” -Pablo Neruda-
17.9.17
26.7.17
Medo do medo
Os
que têm medo.
A
esses temei!
As
pessoas tíbias, covardes,
Aquelas
que fazem questão de ressaltar sua fragilidade
Temei-as!
Prudente
é ter medo do medo que elas têm!
Esses
seres de piedade pervertida,
Essas
figuras que declamam a todo o tempo odes à conciliação
Suspeite-as,
sempre!
Seus
melhores inimigos te enfrentarão face a face
As
suas piores armas te atingiram a fronte, o peito, teu ventre
Ao
passo que os frágeis, os tímidos, os medrosos
Eles
se disfarçam de santidade,
Suscitam
uma bondade – falsa e nojenta
As
tuas costas são sua maior obsessão
São
cães traiçoeiros, víboras perniciosas
Rastejantes,
deliciam-se nos encontros furtivos
Travestidos
em seus melindres, delicadezas e gentilezas artificias
Espreitam,
espiam de soslaio, com olhar furtivo e saliva peçonhenta
Ansiando
nada mais, nada menos que as costas,
Sim,
as costas. As minhas, as suas, as nossas
Desprotegidas
costas!
19.2.17
Nua e Crua
Não havia
nada que eu quisesse mais do que mergulhar naqueles lábios rosados, quentes,
úmidos.
Sentir o
córrego que brotava como que das fendas de um penhasco. Saciar a sede!
Enquanto ela
contorcia, destorcia, torcendo para eu jamais interrompesse o trabalho de meus
lábios possessos de desejo, e eu venerava seu tormentoso prazer. Torturando sua
carne alva e suave, que há muito me provocava.
Eu delirava
em seus sabores. Me perdia no odor de seus aromas doces e crus, às vezes acres.
Sepultava em seu corpo meus desejos envelhecidos, curtidos em meu ser como
bebida etílica, destilada pelo fervor dos meu impulsos.
Ainda me
visita, ainda hoje, sua imagem nua,
crua, temperada pela meia-luz de um quarto mixo, inadequado pra sua beleza mas
que não ofuscaria jamais sua sensual luminosidade.
Ela nua,
crua... Em minha mente amante do drama, em meus instintos perversos, os mais
sacanas.
13.1.17
Inoportuno Tempo
O tempo se esvai.
Como água rala, límpida e transparente,
escorre pelos meus dedos relutantes.
Tento dominá-lo, como a um cavalo bravo,
lançando sobre ele notas, avisos,
datações infindáveis de uma agenda perecível.
Inúteis recursos.
Como um selvagem potro,
coiceia-me o peito e a face.
Golpeia-me constantemente.
Selvagem…
indomável…
Sempre impiedoso...
30.10.16
Lentilhas
Gosto de
lentilhas
Mas não
precisa ser sopa
Melhor que
não seja.
Prefiro mais
ao dente
Fazendo as
vezes do feijão, entende?
Bom que
tenha bacon, calabresa
Essas coisas
gordas que a gente de Minas adora
Sem se
preocupar se o coração aguenta!
Aliás,
aguenta!
Pois o
coração aguenta divórcio
Aguenta
golpe à democracia
Aguenta
desamizade e solidão!
Como, pois,
não aguentaria essa leve refeição?
16.5.16
Eras
Olho no espelho
Só vejo eras.
"Eras jovem,
eras magro,
eras belo,
eras saudável,
eras promissor...
Só vejo eras.
"Eras jovem,
eras magro,
eras belo,
eras saudável,
eras promissor...
8.2.16
Disintendidu
Entendi tudin
Sei nada não
Já sabia que entendia essa confusão
Perpétua névoa de um suave desvario
E assim sigo sabendo as ignorâncias que possuo
Sem mais nem porquê
Quem diria(!) que o menino branco também era pererê...
Vai por mim, tanta malandragem me deixou doidin
Por isso que às veiz eu ando tão suzin
Sem dizer pra onde vou
Nem mencionar quem sou
À sombra da ignomínia
Carregando aquela insígnia:
Pescador de borboletas!
Sei nada não
Já sabia que entendia essa confusão
Perpétua névoa de um suave desvario
E assim sigo sabendo as ignorâncias que possuo
Sem mais nem porquê
Quem diria(!) que o menino branco também era pererê...
Vai por mim, tanta malandragem me deixou doidin
Por isso que às veiz eu ando tão suzin
Sem dizer pra onde vou
Nem mencionar quem sou
À sombra da ignomínia
Carregando aquela insígnia:
Pescador de borboletas!
26.1.16
16.1.16
Pluvial
Choveu sem dó e a chuva molhou
Minhas roupas, meu corpo, minhas coisas
Meus cadernos encharcaram
Perdi até minhas receitas (as médicas), empapadas...
Gelaram minha pele as frias gotas
Choveu também em meu peito,
e inundou meu coração.
Por conta disso anoiteci melancólico
Foi quando só chuviscava.
Demasiadamente débil, adormeci
sem hora para despertar.
Aconchego
Minha mão
Segura
Meu coração
Cuida
Meus dias
Conta!
Meu corpo
Possui
Meus lábios
Toca
Meus medos
Exorcisa
Aconchega esse meu eu
Abandono
Aos poucos se vão os que nunca estiveram
Lentamente me despeço dos que já haviam partido, e eu não sabia
Daqueles que esperei em vão, pois não vieram
Bebendo aos defuntos, benzo-me diante da morte,
acolho a angústia dos abandonos
Palavras ocas me enojam, olhares sem alma me enjoam
Irmanado da solidão, encontro abrigo entre os errantes
Aqueles que estavam, mas eu não via
Entre os bastardos da vida reconheci meu leito
Os renegados me acolheram, pelo que lhes sou grato
Que assim seja! Essa é minha herança.
19.12.15
Se Deus há
Se Deus é amor, e amor é liberdade, e o discurso de Deus é dos mais opressores, só pode haver Deus, se Deus há, onde o discurso de Deus não está ou, no mínimo, onde o discurso e experiência de Deus subverte a própria ideia de Deus.
15.5.15
"_________________"
Deus é uma fome que existe em mim
É uma angústia que insiste
Uma ausência plena de melancólica saudade
Um desejo órfão da abundância de seios maternos
É um tudo repleto de nada
Um vazio reverente que persiste
A melodia doce que embala meus sonos tristes
A prece relutante que resiste
A oração que não quero fazer – mas faço escondido pra eu mesmo não ver
A alegria que se esgueira pelas sendas da tristeza
A paz e a dor que encontro em meio a toda beleza
Deus é meu pranto, um lamento solitário
É meu choro em desalento esperando em desespero.
25.3.15
Apofático
O amor,
Prefiro não defini-lo.
Pois o que dele dizer,
Senão o que não vem a ser?
Dizer o que é,
é correr o risco de profaná-lo
com minha humanidade precária, pecadora.
Não o macularei,
Preservá-lo-ei de minhas toscas limitações.
Dele, apenas uma coisa afirmarei,
não é domesticável.
Prefiro não defini-lo.
Pois o que dele dizer,
Senão o que não vem a ser?
Dizer o que é,
é correr o risco de profaná-lo
com minha humanidade precária, pecadora.
Não o macularei,
Preservá-lo-ei de minhas toscas limitações.
Dele, apenas uma coisa afirmarei,
não é domesticável.
8.3.15
Transcendência
Não
ousei proferir O Nome,
não
tive coragem.
Fiquei
tão constrangido,
apesar
da imensa fome.
Fome
do Nome.
Alguns
O diziam,
e
pareciam cães raivosos,
profanando-O
enquanto o desferiam
contra
pobres almas feridas.
Já
eu, com meu peito rasgado,
busquei
na aridez da minha alma
o
Sopro sagrado.
Desejei
a Presença.
Encontrei
na Ausência,
um
altar vazio.
Minha
oração sem palavras,
e
meus gestos silentes, inócuos?
Na
aparente orfandade,
suspeitei
da beleza que preenchia o vazio.
O
próprio Nada,
era
a Fome,
o
Desejo,
que
clamava pelo Nome.
No
Desejo,
na
Fome,
num
sentimento de falta,
Ele
mesmo era Fome e Alimento.
Era
o próprio apetite a Presença,
falando
por meio da Ausência,
anunciando-se
em meia à Carência.
Transcendi,
e
embora tenha resistido em dizê-lO,
respirei-O
ritualisticamente.
Respeitei
os recônditos vazios de meu ser.
Pois
neles havia a Beleza,
Eram
– os vazios – Ela própria.
Aliviei-me,
sentindo uma brisa fresca de aroma perene.
Aquietei-me,
e entendi.
Era
o Silêncio quem melhor proferia a doce Palavra.
E
nos meus vazios, Ela estava encarnada.
Fazendo-se
bela pela justa razão de não ser pronunciada.
24.2.15
Vem comigo!
Amigo
Bravo companheiro
Não me deixe só
Vem comigo
Pois estou indo cantar
A ouvir os que choram
Vou indo me emocionar
Vem comigo
Pois vou indo chorar
A ouvir o canto dos oprimidos
E me emocionar
Não me deixe só
Sou mais um aflito
O mais afoito
E estou indo gritar em meio ao silêncio omisso
dos que não choram, não cantam,
E nem são oprimidos
Não me abandone, peço
A jornada é longa
Vem comigo
Pois estou só
15.2.15
Feliz Aniversário
À Jacqueline Emerich
A idade,
Pelo que me parece
A ti não faz efeito
Não te envelhece
Sinceridade?
Ao que me consta
Veio com o tempo
Maior docilidade
Esse jeito
Terno jeitinho
De me acolher em seu peito
Com todo carinho
Explicação?
Amor que cresce
Bem de mansinho
Como bela canção
Meu carinho
Singelo presente
Sem ter o seu jeitinho
É te oferecer
Alegremente
Neste meu canto, toda admiração!
8.2.15
Jardiância
Foram tantas as rosas e os cravos pisoteados
que pareceu-lhe inútil seguir a regar o jardim.
Porém continuou, como se a canseira não lhe houvesse atingido.
Foi em frente, "por amor às causas perdidas".
que pareceu-lhe inútil seguir a regar o jardim.
Porém continuou, como se a canseira não lhe houvesse atingido.
Foi em frente, "por amor às causas perdidas".
6.1.15
O imoral
Em sua lista
O homem de moral
Elenca pecados
E falhas imperdoáveis
Geralmente tudo aquilo
Que só não lhe dá prazer
Porque não se permite fazer
Daí torce e se retorce por dentro
Ao imaginar, ao pensar!
Que possa haver no mundo
Em algum canto da terra
Alguem tão imundo
Que desfrute de prazer!
O homem de moral
Elenca pecados
E falhas imperdoáveis
Geralmente tudo aquilo
Que só não lhe dá prazer
Porque não se permite fazer
Daí torce e se retorce por dentro
Ao imaginar, ao pensar!
Que possa haver no mundo
Em algum canto da terra
Alguem tão imundo
Que desfrute de prazer!
4.1.15
Mineirices
Tô indo festá
No meu recanto mineiro
Tô indo pra la
Comer pão de queijo caseiro
Café com bolo de fubá
Arroz e feijão tropeiro
Eu tô indo pra lá
Ouvir o virtuoso violeiro
Fazer a viola chorá
Vou descansar o dia inteiro
Curtir o canto do sabiá
Ah, eu to indo faceiro
Deixando os problemas pra lá
To indo ligeiro
Não vou me demorá
28.12.14
Permiso
Sê alvo de minha poesia
Permita-se
Permita-me
E vou te desenhar em versos
Te cantar em prosa
Vou navegar na imagem do seu corpo
Me perder no misterioso labirinto de sua existência
Para então encontrar nas doces palavras a ti escritas
As trilhas ocultas do prazer e da alegria
Tudo por me permitires te poetizar
Não mais que isso
Não mais que a licença poética
Para exalar meus versos frouxos
Desritmados e enlouquecidos
Anárquicos e desmetrificados
Portadores de uma sabedoria que só a loucura tem
Dotados de uma alegria que encontra em teu riso a imagem gêmea
Portanto, sorri
Não pra mim, pra vida
Pra ti, de mim, no encontro e na despedida
Para que a poesia não cesse em brotar
Segue o curso da vida
E permite que, como folhas navegando no leito do rio
Minha poesia pegue carona na fluidez de tuas belezas
Permita-me
Permita-se adiante, que te sigo em poemas e prosa
Em sonhos e realidades
Em tempo e em fora de tempo
Permita-se
Permita-me
E vou te desenhar em versos
Te cantar em prosa
Vou navegar na imagem do seu corpo
Me perder no misterioso labirinto de sua existência
Para então encontrar nas doces palavras a ti escritas
As trilhas ocultas do prazer e da alegria
Tudo por me permitires te poetizar
Não mais que isso
Não mais que a licença poética
Para exalar meus versos frouxos
Desritmados e enlouquecidos
Anárquicos e desmetrificados
Portadores de uma sabedoria que só a loucura tem
Dotados de uma alegria que encontra em teu riso a imagem gêmea
Portanto, sorri
Não pra mim, pra vida
Pra ti, de mim, no encontro e na despedida
Para que a poesia não cesse em brotar
Segue o curso da vida
E permite que, como folhas navegando no leito do rio
Minha poesia pegue carona na fluidez de tuas belezas
Permita-me
Permita-se adiante, que te sigo em poemas e prosa
Em sonhos e realidades
Em tempo e em fora de tempo
18.12.14
Pondera
Me ofereceu as pílulas
Elas me levaram os poemas tristes
As canções chorosas
Os textos sensíveis
Os textos sensíveis
A melancolia que me impelia a criar
A nostalgia dos lugares que não sei
“Ostra feliz não faz pérola”,
me avisava o pássaro encantado
“Não existe coisa mais triste que ter paz”,
Disse o poetinha
Que massada...
Que massada...
Quanta pobreza essa sobriedade
Ai, saudade
Dos versos sôfregos
Do choro fácil
Do coração rasgado de amor
De dor
Do peso das dores da vida
Acho que vou parar – paroxetina.
Como um estranho em mim mesmo
Me vejo com saudade de mim!
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