Às vezes eu penso que a mamãe Tico-Tico sabe,
Que ele não se enganou totalmente
Ao chocar ovos d’outros.
Que ao passar do tempo, ao ver nascer cada negra pena
No corpinho de sua querida choca,
Que ao ver sua cria se tornando bem maior do que ela mesma,
Assinalando um inconfundível contraste,
Que ela sabe e insiste na bondosa tarefa de cuidar da prole alheia.
Perdoando a violenta traição da senhora Chupim,
Que, de tão malandra e preguiçosa, botou seus ovos em ninho estranho,
Outorgando, sem anuência, à pobre Tico-Tico a desgastante função de mãe de aluguel.
Às vezes, só às vezes, esses pensamentos ingênuos e fantasiosos visitam minha cabeça.
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