O Dudu amava a natureza. Aliás, Dudu amava a vida. Só que sua ligação com a natureza era quase franciscana (e ele nunca havia lido nada sobre São Francisco). Cresceu vendo e ouvindo coisas que ninguém mais via ou ouvia.
Para ele, tudo era música, dança, desenho, arte em geral... Havia algo de mágico no mundo e ele sabia disso!
Em dias de ventania, Dudu não enxergava árvores se contorcendo pelo poder do vento. Elas estavam apenas fazendo alongamento, o vento forte era sopro fresco vindo de sabe-se-lá-de-onde para refrescá-las. O sabiá, o tico-tico, o canário da terra, todos os pássaros eram músicos exímios, possuíam melodias arrebatadoras que lhe traziam o choro contente dos poetas. E por falar nisso, Dudu tinha mesmo um jeito de poeta. Não, não escrevia! Mas sua vida era poesia. Seus gestos, suas palavras, seu olhar, seu riso maroto...
Mas Dudu cresceu, estudou muito e, excelente menino que foi, passou no vestibular e entrou na faculdade. Não me recordo o curso, mas os outros sempre diziam: “Dudu se deu bem, que rapaz esperto!”, referindo-se ao curso escolhido.
Na faculdade logo perceberam que Dudu não era normal. - Ele tem sérios traços de loucura – comentavam
Não entendiam como conseguiu ingressar no curso... Dudu era diferente e não era bom que fosse assim!
- Ele é poeta – tentou argumentar uma menina.
- Que besteira! Conta outra... – em uníssono seus amigos refutaram sua tese.
Resolveram curar o Dudu, não era aceitável que depois de cinco anos pudesse haver entre os formandos um rapaz que acreditasse profundamente nas coisas que dizia crer. Tinham que evitar isso antes que fosse tarde.
Trabalharam tanto em prol do seu intento, que no terceiro ano de faculdade ele já não acreditava que o sabia era músico e poeta. Deixou de pensar que os urubus possuíam uma empresa especializada na limpeza dos campos, as corujas já não anunciavam as tragédias, nem as pombas, a paz; os periquitos não eram mais como crianças travessas, eram apenas irritantes, barulhentos e, ainda por cima, sujavam seu quintal com bagaços das sementes que comiam.
Dudu não acreditava mais... Fora curado. Tornou-se um cara rígido, austero em tudo, não contava piadas e nem gostava de cores fortes, não passeava mais nas campinas e nem apreciava o cheiro das magnólias. O pôr do sol era um problema, pois Dudu tinha que ir para casa, e ele detestava deixar trabalho para o outro dia. Passou a se estressar com frequência, brigava com a esposa e com os filhos, detestava futebol! Às vezes ficava triste, mas não chorava. Sentia que algo havia ficado para trás, mas não sabia o quê. Sentia falta de alguém ou alguma coisa, só que não sabia o que era!
E seus amigos sempre se gabavam por terem curado o Dudu.
- Agora ele é como todos nós... – diziam.
Para ele, tudo era música, dança, desenho, arte em geral... Havia algo de mágico no mundo e ele sabia disso!
Em dias de ventania, Dudu não enxergava árvores se contorcendo pelo poder do vento. Elas estavam apenas fazendo alongamento, o vento forte era sopro fresco vindo de sabe-se-lá-de-onde para refrescá-las. O sabiá, o tico-tico, o canário da terra, todos os pássaros eram músicos exímios, possuíam melodias arrebatadoras que lhe traziam o choro contente dos poetas. E por falar nisso, Dudu tinha mesmo um jeito de poeta. Não, não escrevia! Mas sua vida era poesia. Seus gestos, suas palavras, seu olhar, seu riso maroto...
Mas Dudu cresceu, estudou muito e, excelente menino que foi, passou no vestibular e entrou na faculdade. Não me recordo o curso, mas os outros sempre diziam: “Dudu se deu bem, que rapaz esperto!”, referindo-se ao curso escolhido.
Na faculdade logo perceberam que Dudu não era normal. - Ele tem sérios traços de loucura – comentavam
Não entendiam como conseguiu ingressar no curso... Dudu era diferente e não era bom que fosse assim!
- Ele é poeta – tentou argumentar uma menina.
- Que besteira! Conta outra... – em uníssono seus amigos refutaram sua tese.
Resolveram curar o Dudu, não era aceitável que depois de cinco anos pudesse haver entre os formandos um rapaz que acreditasse profundamente nas coisas que dizia crer. Tinham que evitar isso antes que fosse tarde.
Trabalharam tanto em prol do seu intento, que no terceiro ano de faculdade ele já não acreditava que o sabia era músico e poeta. Deixou de pensar que os urubus possuíam uma empresa especializada na limpeza dos campos, as corujas já não anunciavam as tragédias, nem as pombas, a paz; os periquitos não eram mais como crianças travessas, eram apenas irritantes, barulhentos e, ainda por cima, sujavam seu quintal com bagaços das sementes que comiam.
Dudu não acreditava mais... Fora curado. Tornou-se um cara rígido, austero em tudo, não contava piadas e nem gostava de cores fortes, não passeava mais nas campinas e nem apreciava o cheiro das magnólias. O pôr do sol era um problema, pois Dudu tinha que ir para casa, e ele detestava deixar trabalho para o outro dia. Passou a se estressar com frequência, brigava com a esposa e com os filhos, detestava futebol! Às vezes ficava triste, mas não chorava. Sentia que algo havia ficado para trás, mas não sabia o quê. Sentia falta de alguém ou alguma coisa, só que não sabia o que era!
E seus amigos sempre se gabavam por terem curado o Dudu.
- Agora ele é como todos nós... – diziam.
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